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Marcelo Castro recebeu R$ 1 milhão em propina, diz novo relato de JBS

 

O ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) destinou R$ 1 milhão em espécie ao deputado federal Marcelo Castro por apoiá-lo na época de sua candidatura à presidência da Câmara. A informação foi repassada nesta quinta-feira (30) por advogados da JBS à Procuradoria Geral da República (PGR).

Segundo uma reportagem veiculada pelo GloboNews, foram entregues novos levantamentos, relatórios e gravações de conversas com políticos, que serão anexados ao acordo de delação. Essas informações complementares vão embasar as investigações que estão em andamento e podem provocar a abertura de de outras apurações, porque em alguns casos surgiram novos personagens.

Os documentos estão em sigilo. Fontes com acesso às investigações ouvidas pelo Jornal Nacional disseram ainda que, entre as novas gravações, há uma em que o atual ministro da Indústria e Comércio, Marcos Pereira, fala abertamente sobre um esquema de corrupção.

Na delação, Joesley Batista disse que pagou R$ 6 milhões em propina para Marcos Pereira.

Apoio a Cunha

Os delatores da JBS contam que antes mesmo de ser reeleito deputado federal em 2014, Eduardo Cunha procurou Joesley Batista e disse que gostaria de concorrer à presidência da Câmara. Ele pediu o apoio de Joesley.

O empresário daria R$ 30 milhões e o executivo da J&F Ricardo Saud, também delator, faria contato com alguns parlamentares e líderes que já tivessem recebido recursos da empresa, principalmente das bancadas de Minas Gerais e Rio de Janeiro.

Joesley concordou e Ricardo Saud disse que fez contato com mais de 200 deputados entre novembro de 2014 e janeiro de 2015. Eduardo Cunha foi eleito no mês seguinte, fevereiro de 2015.

Além de Marcelo Castro, a TV Globo apurou que, de acordo com os relatos dos delatores da JBS , Eduardo Cunha "com certeza" destinou recursos a pelo menos estes políticos:

deputado federal Carlos Bezerra - R$ 500 mil - via doação oficial
ex-deputado, atual prefeito de Angra dos Reis, Fernando Jordão - R$ 500 mil - via doação oficial
deputado federal Geraldo Pereira - R$ 150 mil - via doação oficial
ex-deputado, atual vice-prefeito de João Pessoa, Manoel Junior - R$ 100 mil reais - em espécie
deputada Soraya Santos - R$ 1 milhão e 35 mil - notas fiscais frias

Foram citados em gravação dos delatores da JBS como destinatários de pagamentos os seguintes políticos:

 ex-deputado federal, hoje deputado estadual em Minas, João Magalhães
deputado federal Leonardo Quintão
deputado federal Mauro Lopes
deputado federal Newton Cardoso Junior
deputado federal Saraiva Felipe
ex-deputado federal, atual vice-governador de Minas, Toninho Andrade

Os delatores da JBS entregaram provas que reforçam as acusações que fizeram sobre os pagamentos ao senador Aécio Neves (PSDB-MG). E também sobre os repasses para contas no exterior que, de acordo com depoimento de Joesley, ficaram à disposição dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, do PT.

Os delatores também disseram que a JBS fez pagamentos ao ex-presidente da Petrobras, Aldemir Bendine. A JBS descobriu em seus arquivos registros de pagamentos de R$ 200 mil por mês ao ex-ministro da Agricultura Wagner Rossi, enquanto ele estava no cargo. Rossi foi ministro de Lula e Dilma.

A JBS também entregou um longo memorial sobre os contratos que assinou com o BNDES.

Como o ministro Edson Fachin acabou dando mais 60 dias de prazo, a JBS planeja manter os levantamentos que já estavam em andamento - reunir ainda mais provas ao longo dos próximos meses - e entregar mais material em novembro. Os investigadores querem usar essas informações para entender detalhadamente como operava cada organização criminosa apontada na delação da J&F.

O presidente Michel Temer, em viagem à China, foi perguntado sobre essas novas informações trazidas pela JBS, mas não quis responder.

Emanuel Vital

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