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Marcelo Castro diz que vota em Lula e vaga não pode ser decidida só pelo governador

 

Marcelo Castro, 67 anos, nunca teve medo de tomar decisões, mesmo sabendo que sua posição é um navio em naufrágio. É o que dizem os amigos. Foi assim com o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff -  foi contra até o final, enfrentando seu partido -  e agora defendendo que a reforma da Previdência seja votada só depois da eleição.   

Se reeleito este ano, o deputado federal e presidente do MDB no Piauí, Marcelo Castro, irá para seu sexto mandato. O parlamentar piauiense, nascido em São Raimundo Nonato, já foi ministro da Saúde em 2016 e reafirma que vota no ex-presidente Lula, caso ele seja candidato. 

"Sou um admirador e fã do Lula, pela sua história e continuaria votando no Lula".

Sobre as eleições estaduais, Marcelo Castro defende que vaga na chapa majoritária não pode ser decidida só pelo governador Wellington Dias (PT). 

Veja na íntegra a entrevista: 

A reforma da Previdência está em tramitação. Como o senhor analisa a conjuntura em torno da discussão sobre a aprovação ou não da reforma?

Marcelo Castro - Eu acho dificílima essa reforma ser aprovada agora. Estamos em um ano eleitoral, ela é uma coisa muito séria, importante que provoca uma transformação profunda na sociedade e tem efeito sobre a vida de todas as pessoas na sociedade e de uma gravidade tamanha que entendo que deve ser objeto de um grande debate nacional. O momento de se fazer isso, agora tem eleição de 2018, o debate é para o futuro presidente eleito quando chegar na cadeira de presidente legitimado pelas urnas. 

Agora o governo está querendo aprovar, é justo, é legitimo, é de direito. Eu sempre disse que é necessária, imperiosa. Não é só no Brasil, é no mundo inteiro, em todos os países, sem exceção, ou fizeram ou estão fazendo, ou vão fazer a reforma das suas previdências. Pelo fato maravilhoso, auspicioso de estarmos vivendo mais. Então se estamos vivendo mais e as regras continuam as mesmas, vamos passar mais tempo aposentado e quem vai pagar essa conta? É uma conta que não fecha e a reforma é necessária, vai ser feita, só acho que agora não é o momento apropriado, o melhor momento é o ano que vem, após um longo debate da sociedade na campanha eleitoral, de um tema que vai mexer com a vida de todo mundo.

 

O senhor disse que ela não deve ser tomada neste momento, mas por um governo legítimo após o resultado das eleições deste ano. O senhor está querendo dizer, então, que não concorda com a forma que está sendo posta pelo atual governo?

Marcelo Castro - A minha discordância da reforma é muito mais de forma do que de conteúdo. Por exemplo, a idade mínima para a aposentadoria, eu sou a favor. Em todos os países tem uma idade mínima para se aposentar, não pode ser como aqui no Brasil que você vê pessoas com 45 anos aposentadas. Não tem sentido isso, é ilógico e irracional. E essa proposta do governo é bem razoável, porque terminando a reforma da Previdência, as pessoas vão se aposentar. Os homens com 35 anos de contribuição e 55 anos de idade, e as melhores com 30 anos e 53 anos. Depois de dois anos, o homem passa para 56 anos e a mulher para 54. Com mais dois anos, o homem passa 57 e a mulher para 55 e assim sucessivamente até atingir a idade de 65 anos para o homem e 62 para a mulher. Isso daqui a 20 anos, então só em 2038 é que essa idade de 65 anos vai prevalecer para a aposentadoria, porque 90% da população está entendendo que aprovou a reforma e no outro dia a pessoa se aposenta com 65 anos, e não é assim. 

Como o senhor vê a condenação do ex-presidente Lula no Tribunal Regional Federal da 4ª Região?

Marcelo Castro - Primeiro de tudo eu acho que a justiça no Brasil está trilhando um caminho muito perigoso. Eu entendo, com todo respeito que tenho a justiça, que isso é um retrocesso. Por convicções se tem praticado muito crimes na humanidade, todos nós nos lembramos a história da Santa Inquisição, que matou muitas pessoas, sobretudo mulheres porque estavam ‘endemoniadas, possuídas'. Eles não viam, não pegavam, não tinha provas do demônio, mas tinham uma profunda convicção de que o demônio estava no corpo daquela pessoa e queimavam na fogueira, enforcavam, matavam.  Eu assisti na televisão, não foi ninguém que me disse, um dos expoentes do Ministério Público, o Deltan Dallagnol, que não tinha provas, mas que tinha convicção. Ora, a justiça não pode ir por convicção, porque ela é de cada um, e não pode julgar por isso. Então o direito precisa voltar ao seu velho trilho, que vem acompanhando a civilização ano a ano que é a prova indubitável. Condenar quando você tem provas irrefutáveis.

Então no caso do Lula, um triplex, com diz o Ciro Gomes em uma praia de segunda categoria, levar para cadeia um ex-presidente sem nenhuma prova, pelo amor de Deus. Bom, se a pessoa for condenada no Brasil por intenção, todos nós temos intenções que não são concretizadas, então não por intenção e nem por convicção, se houve um entendimento, se houve uma negociação do Lula com a OAS, para passar esse apartamento, eu acho até que houve, mas quem sou eu para julgar? Agora que não foi transferido, não foi pago e não tem prova, isso é patente. Como é que a pessoa é condenada por uma coisa que não está no nome dele, não usa, não frequenta, não anda lá, não tem usufruto, não aluga, e diz que é dele se está no nome da OAS, penhorado? Eu respeito a justiça, mas acho um exagero.

O senhor acha que o Lula consegue ser candidato. E se ele for candidato, o senhor continuará declarando voto para ele?

Marcelo Castro - Eu torço porque entendo que não sou só eu, mas a imensa maioria do povo. A última pesquisa feita pelo Datafolha, o Lula  tem 37% das intenções dos votos, o Bolsonaro tem 14%. Ele tem mais do dobro do segundo colocado, então vai fazer falta num processo democrático de escolha de presidente. Sem o principal candidato é uma eleição capenga, que todo mundo vai ver que está faltando o ator principal. Eu torço para o Lula consiga a liminar no Supremo, que possa ser candidato, que possa ser presidente e que vai contar com meu apoio como sempre contou, sou um admirador e fã do Lula, pela sua história e continuaria votando no Lula.

 

 

O senhor é visto como o principal interlocutor do MDB com o governo para a formação da coligação com o governo e em relação também a definição da vaga de vice. Como está o andamento das negociações com o governador Wellington Dias quanto à reivindicação da vaga pelo MDB?

Marcelo Castro - Falando francamente, o MDB tem tido um postura muito clara, transparente que diferentemente de 2014, quando Wellington Dias tinha poucos partidos do lado dele e tinha quatro vagas para preencher, então se tinha poucos partidos e quatro vagas, relativamente, tínhamos poucos partidos para muitas vagas. Agora temos mais de 10 partidos e a vagas são as mesmas, então relativamente, tem muitos partidos para poucas vagas. Em 2014, teve um partido com direito a duas vagas, o PP, a vaga de senador e a de vice. Eu me relaciono bem com o PP, sou amigo do Ciro Nogueira, sou amicíssimo e primo e admirador da Margarete, mas acho que em uma composição que temos mais de 10 partidos, se formos dar duas vagas para um partido, como ficarão os outros. A gente vê que a lógica, a racionalidade e razoabilidade estão dizendo que um partido não deveria ocupar mais que uma vaga para dar oportunidade para outros partidos.

A vaga de governador e do Ciro eu acho que são inquestionáveis, ninguém vai questionar, não vejo ninguém questionando ou pleiteando a vaga de Ciro de senador, então o que pode ser solicitado, negociado são as vagas vice, com todo que tenho a Margarete e a de senador da Regina Sousa que também está trabalhando para ser. É como eu vejo que a gente pode trabalhar. O PMDB pleiteia a vaga de vice, essa é a opinião majoritária do MDB com o nosso candidato Themístocles Filho.

A vaga de vice teria sido mesma prometida ao MDB pelo governador? 

Marcelo Castro - Isso não cabe só ao governador Wellington Dias, nós somos muitos partidos, então vamos para uma negociação política e vamos nos reunir com todos os partidos. O coordenador principal, a autoridade maior em torno do qual vão convergir todas as conversações é o Wellington Dias, que é o comandante, chefe desse grupo político forte aqui do Piauí em torno dele. A opinião dele é valiosíssima, mas entendo que só a dele não basta, precisa a do grupo, então vamos sentar a mesa de negociação e o PMDB tem a sua posição clara, transparente, exposta, temos uma reivindicação, queremos participar da chapa majoritária. 

 

 

Como está vendo a consolidação da candidatura do deputado Luciano Filho (PSDB) ao governo do Estado?. Acredita que o prefeito Firmino Filho (PSDB) possa compor com a oposição, uma vez que esteja totalmente descartada a chance de se candidatar ao governo?

Marcelo Castro - Eu acho muito estranho, completamente. Para mim é uma surpresa, não tenho nem o que dizer, porque eu vejo o Luciano como um bom candidato, um jovem político decente, equilibrado, sensato, e tenho por ele grande admiração. Evidentemente que temos compromisso com o governador Wellington Dias já de muito tempo desde 2002, e vamos continuar em 2018, mas não tiramos o mérito de um candidato que é o Luciano Filho.

E o deputado Marcelo Castro vai ser candidato à reeleição?

Marcelo Castro - Vai ser candidato a deputado federal se o povo do Piauí me eleger mais uma vez.

 

Cidadeverde

 

Emanuel Vital

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