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Dia do Piauí: A origem do nome Piauí: o rio dos piaus

 

Conta a historiografia que antes da colonização do Brasil, a região onde atualmente está situado o Estado do Piauí era povoada por índios de diferen­tes tribos. Estima-se que à época da colonização existiam cerca de 150 tribos no território do Piauí. O extermínio dos índios é o grande obstáculo para que se possa afirmar com precisão quais eram es­sas tribos. Sabe-se que na região existiam índios Tremembés, Pimenteiras, Gueguês, Gamelas, Je­nipapos, Guaranis, Cabuçus, Muipuras, Aitatus e Amoipirás, em meio às demais tribos que foram dizimadas pelos exploradores.

A origem do nome Piauí - segundo a historio­grafia - está ligada aos índios que viviam no terri­tório, antes da chegada dos brancos exterminado­res dessas nações: a palavra Piauí teria sua origem na expressão tupi-guarani "piau-i", traduzida pelo branco colonizador como "rio dos piaus" - "piau" (peixes pintados) e "i" (água) -, que terminou por dar nome ao território de Piauí. No entanto, estu­diosos registram que no ano de 1719 foi instituída a Capitania de São José do Piauí, era esse o nome completo. Mas, o ‘São José’ foi apagado e ficando apenas Piauí.

Ao longo de sua história, o Piauí se caracterizou pela presença marcante do vaqueiro, em suas in­cursões pelo interior com a pecuária que ganhou características próprias, era extensiva, extrativista e ocupava grandes espaços. O gado ficava solto à sua sorte, quase independente do trabalho huma­no. As fazendas piauienses, dentro de pouco tem­po, tornaram-se as mais importantes da Região Nordeste, e os seus rebanhos eram encaminhados a pé, aos mercados da Bahia e de Minas Gerais, a cerca de 1.500 quilômetros de distância. Este co­mércio foi importante até 1769.

Escreveu Aroldo de Azevedo (1910-1974) no seu livro ' O Brasil e suas Regiões': 'Na segunda metade do século XVII, o português Domingos Afonso Mafrense, auxiliado pelo paulista Domin­gos Jorge Velho, atingiu o sudeste do Piauí, dizi­mou os índios que ali viviam e abriu as primeiras fazendas de gado no vale do Canindé (1673). Com o tempo, passou a possuir 39 fazendas, onde viviam 50.000 bovinos e cerca de 3.000 equinos; tornou-se o verdadeiro dono daqueles sertões, o que valeu o nome de Domingos Jorge Sertão.

Ao falecer, deixou tais propriedades para a Com­panhia de Jesus, que as administrou até sua extin­ção (1760). O principal núcleo transformou-se na Vila da Mocha (1712), cidade de Oeiras (1761), capital do Piauí até 1851. As vanguardas desta cor­rente povoadora chegaram a alcançar o Maranhão, onde surgiu a cidade de Pastos Bons.' A criação de bovinos se impôs como estrutura econômica qua­se única na bacia do rio Parnaíba, onde o número de fazendas teve um crescimento vestiginoso.

 Dia do Piauí

Embora 19 de outubro seja comemorado Dia do Piauí, a data não re­mete à criação do Estado, mas à aclamação da sua independência ocorri­da em Parnaíba, no ano de 1822 – um mês após Dom Pedro I declarar o Brasil independente de Portugal. Liderado por João Cândido de Deus e Silva, coronel Simplício Dias da Silva, Domingo Dias da Silva, José Fer­reira Meireles, Bernardo de Freitas Caldas e Joaquim Timóteo de Brito, o movimento tinha como objetivo libertar a província do jugo da Coroa Portuguesa, mas continuar fiel ao imperador Dom Pedro II.

Ao tomar conhecimento do fato, o comandante das Armas, major por­tuguês João José da Cunha Fidié – que mantinha o comando da província em Oeiras -, em 13 de novembro e 1822, se afasta da capital da província e entra em Parnaíba para combater os revoltosos a 18 de dezembro. Não disparou sequer um tiro, pois quando entrou na vila já a encontrou ocupa­da por tropas portuguesas vindas do Maranhão. Os patriotas parnaibanos haviam recuado para Granja, no Ceará, que se declarara fiel ao imperador Pedro I, numa retirada estratégica.

Dezenove de outubro foi declarado, oficialmente, Dia do Piauí, através da Lei Estadual, nº176, aprovada pela Assembleia Legislativa, de autoria do então deputado José Auto de Abreu, e sancionada em 30 de agosto de 1937, pelo então governador interino Anfrísio Lobão Veras Filho, e publi­cada no Diário Oficial em 1º de setembro daquele ano.

Um corredor de rebanhos

O Piauí não dispunha de nenhuma saída para o mar, antes de 1880. Para ter as vantagens de ser um Estado com acesso ao mar, foi realizada uma tro­ca cedendo dois municípios ao Ceará (Crateús e Independência) em troca de uma costa oceânica que tem apenas 66 quilômetros de extensão. Até o ano de 1695, o território pertencia à capitania de Pernambuco, quando por carta régia foi transferido para a capitania do Maranhão, porém a transfe­rência só foi efetivada em 1715.

Neste período de 20 anos houve uma desordem administrativa, que provocou a distribuição de sesmarias indiscriminadamente por ambas as capitanias. Foi em 1795, que o príncipe regente João VI regulamentou a distribuição de sesmarias e puniu os desmandos dos sesmeiros. A capitania do Piauí foi oficialmente criada em 1718, mas só foi instalada em 1758, quando o governador João Pereira Caldas (1724-1794) a organizou.

A colonização do território piauiense começou pelo sul, quando o fa­zendeiro baiano Domingos Afonso Mafrense e o bandeirante paulista Do­mingos Jorge Velho (1641-1705), à serviço da Casa da Torre de Garcia D’Avila, conseguiram atravessar para o outro lado da margem do rio São Francisco num trecho encachoeirado. Primeiramente tomaram posse de terras do Pernambuco e mais tarde seguindo o fluxo do riacho do Pontal e pela serra dos Dois Irmãos passaram a estabelecer currais em território piauiense.

Estabeleceram-se em 1670 às margens do rio Parnaíba, primeiro rio pe­rene que encontraram, depois de ultrapassado o rio São Francisco. A his­tória do vaqueiro se confunde com a história do Piauí: ele foi decisivo para o desenvolvimento econômico da região. A capitania do Piauí tornou-se o centro de exportação de carne bovina para o resto do Brasil, considerada, no período colonial, o curral e o açougue do Brasil.

 

Por: Marco Antônio Vilarinho - Jornal O Dia

Emanuel Vital

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