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Achados e perdidos. Por; Carlos Rubem

Foto: Carlos Rubem

 Foto: Carlos Rubem

Há quase dez anos, sei lá, dando uma "geral" numa edícula da casa do vovô Joel, entre estraçalhadas revistas, carcomidos livros e cacarecos, deparei-me com vários negativos fotográficos. Fui logo separando-os...

Em seguida, excepcionalmente, consegui que o estúdio fotográfico do Sérgio Marques de Carvalho copiasse aquelas chapas. Guardei estes retratos dentro de um envelope no meu escritório participar.

No final dos anos 40 e início da década de 50, trabalhando nos Correios, morou aqui o Luís do Amaral Sobreira, primo do meu patriarca acima aludido, assumidamente comunista. Em face de suas convicções ideológicas foi perseguido pela polícia política da época, sofreu torturas.

Luís Sobreira era boa praça, bom copo, carnavalesco animado. O seu primogênito se chama Luiz Carlos em homenagem ao "Cavaleiro da Esperança".

Até aos seus 5 anos de idade, Luiz Carlos, oeirense, foi praticamente criado na casa da minha família materna. Posteriormente, foi morar com seus pais em Teresina e noutras plagas. Não sabíamos do seu paradeiro, nenhuma notícia acerca do mesmo.

No ano passado, depois de 63 anos, eis que recebemos a sua gratificante visita. Neste ano, agora em companhia de sua esposa Avany, paulistana, novamente veio rever seus pagos natalinos. Mora em Sampa!

Luís Carlos me segredou que quando o meu irmão Paulo Jorge nasceu (1954), o primeiro neto da família Nogueira Campos, ele ficava chateado porque as pessoas lhe diziam: "Ficou no canto!..."

Quando publiquei nas redes sociais a presença do querido casal na terrinha, a prima Valdália Reis Freitas Tapety, radicada em Brasília, lembrou-se do Luís Carlos. Revelou-me que havia tirado retrato com ele, em criança, defronte ao antigo Posto de Higiene, hoje, Câmara Municipal, juntamente com parentes meus.

Hoje pela manhã (01.10.2019), cascavilhando uns documentos, encontrei as imagens atrás referidas.

Levei-as para que a minhas tias Amália, Mirista e Alice verem o achado. Ficaram felizes.

A tia Amália Campos, do alto dos seus 96 anos, sempre vaidosa, de autoestima elevada, ao examinar, detidamente, as fotografias em apreço, nas quais figura em algumas, pontificou: "Não mudei nada, mas acho que estou ficando envelhecida!"



 

*Carlos Rubem é Promotor de Justiça aposentado em Oeiras
 

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